sexta-feira, 26 de agosto de 2011

13º Capítulo

O suave gosto da vodka e um doce inebriante inundaram meus lábios me deixando em um êxtase profundo.
Aquela estranha mistura juntamente com o cheiro forte do Azzarro era delirante.
Fui despertada dos meus devaneios quando suas mãos gélidas quebraram a barreira que minha roupa fazia entre elas e meu baixo ventre.
Lutei contra mim mesma para despertar daquele transe.
“Ora essa Kaoru, não é tão difícil. Basta empurrá-lo... Vamos lá! Anda!”
Seus lábios passaram a explorar o meu pescoço então aproveitei para me manifestar.
- Ta... Taku... – Sem sucesso, minhas palavras estavam mais para sussurros.
Respirei fundo e empurrei seu corpo, não surtiu muito efeito mas ele percebeu e se afastou.
Ficamos num silêncio constrangedor por longos e tenebrosos minutos.
- Bem... – Quebrei o silêncio um pouco hesitante – E... Eu acho... Eu preciso ir para casa.
Ele não se moveu, continuou sentado do outro lado do sofá olhando para o violão jogando no chão.
Peguei as minhas coisas e rapidamente deixei o apartamento, desci pelas escadas, não estava com paciência nem coragem para esperar um elevador.
Os clap clap’s que meus sapatos faziam ao bater no chão não me deixavam pensar. O que de certa forma era bom, eu sabia que qualquer coisa me lembraria aquilo.
Em pouco tempo as escadas passaram a ser um liso chão de mármore e o mármore passou a ser calçada.
Estava tão atordoada que nem notei para que direção ia, e quando dei por mim não fazia idéia de onde estava.
- Black Jack! – Aquilo me deu uma estranha sensação de alívio e tensão.
- Black Jack! – A voz chamou novamente.
- Kaoru – Dessa vez soava preocupada e triste.
Virei-me para o rapaz dentro do carro que mantinha um olhar vago.
- Eu te levo para casa.
- N... Não, eu me viro.
A expressão preocupada deu lugar a um sorriso debochado.
- Você não vai conseguir.
- Por que? – O encarei.
- Não vai agüentar, a estação de metrô mais próxima é a 5 km daqui.
- Você esta me subestimando.
Ele estava certo, de fato, eu não agüentaria. Mas achei melhor contra dizê-lo.
- Ok, mas eu vou acompanhá-la, quero ter certeza que a sua teimosia não vai te levar à exaustão.
Teimosa? Agora fiquei ofendida!
- Olha aqui seu... – Fui interrompida pela súbita aproximação de alguns caras estranhos.
- E aí gatinha! “Cê” tá afim de sair? – Disseram me encarando.
- Não, ela não quer! – Takumi praticamente rosnou de dentro do carro.
- E quem é você para dizer o que eu quero ou deixo de querer? – Fiquei incomodada com sua intromissão, eu poderia me defender sozinha! Ou não...
- Ok... Então responda. – A tensão não havia saído de seu rosto, mas sua voz parecia um tanto irônica.
- Não! Eu não quero sair com vocês! – Não medi as palavras nem o tom de voz com que falei com os caras que, certamente, eram perigosos.
- Ora sua... O que pensa que somos? – Um deles fez um movimento com o punho a tentar me dar um soco.
Mas antes a porta do Genesis abriu batendo na parte de baixo dos dois, fazendo-os gemer de dor.
- Rápido entre! – Takumi me puxou para dentro do veículo não me dando outra opção.
Suas mãos estavam tensas no voltante, como se quisesse amassá-lo.
- Por favor... – Sua voz misturava um pouco de medo e preocupação – Não faça mais coisas impensadas como esta!
- Desculpe...
A viagem toda foi silenciosa.
Minha irmã não estava em casa.
Bom!Precisava ficar a sós com os meus pensamentos.

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